Covid-19: Qual a eficácia das vacinas contra a variante Delta?
Coronavírus: tendência do vírus é criar novas cepas para sobreviver (SANDER KONING/ANP/AFP/Getty Images)

Mais uma cepa do SARS-CoV-2 se espalha pelo mundo. A variante Delta, que teve seu primeiro caso confirmado na Índia, já chegou em algumas cidades do Brasil, ao mesmo tempo que diversos estudos estão sendo conduzidos para determinar a eficácia das vacinas contra a cepa.

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A Delta vem se tornando predominante até em países mais avançados na campanha de vacinação, já que a cepa conta com mutações que ajudam o vírus a escapar da resposta imune produzida pelas vacinas — ou seja, é mais transmissível.

Nos Estados Unidos, por exemplo, 50% da população já está totalmente imunizada e 80% dos novos casos são por conta da variante.

Vale ressaltar, porém, que todas as variantes tendem a ser mais infecciosas, porque o objetivo do vírus é justamente achar novas formas de se propagar. Com a vacinação consideravelmente lenta e a população nas ruas, o SARS-CoV-2 continua circulando e novas cepas se formam.

Para descobrir a eficácia de cada vacina disponível contra a cepa, a comunidade científica e as empresas farmacêuticas por trás dos imunizantes vêm desenvolvendo uma série de estudos.

Nenhum deles é conclusivo por enquanto, mas cada um oferece informações valiosas sobre a infecção sintomática da variante Delta nas vacinas disponíveis no BrasilVeja:

AstraZeneca/Oxford

Estudo do Reino Unido

Publicado no New England Journal of Medicine, a pesquisa mostrou que a vacina da Universidade de Oxford é 33% eficaz contra a variante Delta com uma dose e 60% eficaz após duas doses (e quinze dias de espera).

Estudo do Canadá

Não revisado por pares, a pesquisa canadense publicada no servidor MedRxiv indica que o imunizante é 67% eficaz a partir de 14 dias após a primeira dose. Não há dados suficientes para duas doses.

Estudo da Escócia

Publicado como uma carta ao jornal científico Lancet, a pesquisa baseada na Escócia indica que a vacina da AstraZeneca é 60% eficaz pelo menos 14 dias após a segunda dose.

Pfizer/BioNTech

Estudo do Reino Unido

Mesma pesquisa britânica que a da AstraZeneca mostrou que o imunizante da Pfizer é 33% eficaz com uma dose e 88% eficaz quinze dias depois da segunda dose contra a cepa originada na Índia.

Estudo do Canadá

A vacina da Pfizer mostrou ser 56% eficaz a partir de 14 dias após a primeira dose e 87% eficaz após duas doses. Vale lembrar que o estudo canadense não foi revisado por pares.

Estudo da Escócia

A pesquisa escocesa divulgou apenas resultados considerando a segunda dose. No caso da Pfizer, o imunizante se mostrou 79% eficaz contra a variante Delta, pelo menos 14 dias após a segunda dose

Estudo de Israel

De acordo com pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde de Israel, a eficácia da vacina na prevenção de infecções e doenças sintomáticas caiu para 64%. Ao mesmo tempo, a vacina foi 93% eficaz na prevenção de hospitalizações e doenças graves causadas pelo coronavírus.

CoronaVac

No início de julho, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que o imunizante chinês produzido no Instituto Butantan apresentou bons resultados contra a variante Delta em testes realizados em laboratório.

O porta-voz da Sinovac, farmacêutica chinesa responsável pela Coronavac, Liu Peicheng, disse à Reuters que os resultados preliminares baseados em amostras de sangue dos vacinados mostraram uma redução de três vezes no efeito neutralizante contra a Delta.

Peicheng acredita que uma dose de reforço pode provocar uma reação mais forte e duradoura contra a cepa, mas não forneceu mais detalhes. Nenhum estudo foi publicado e ainda faltam mais informações sobre a eficácia da CoronaVac contra a Delta.

Janssen/Johnson&Johnson

A Johnson & Johnson anunciou no início de julho que sua vacina de dose única é eficaz contra a variante Delta.

De acordo com pesquisadores, os anticorpos e as células do sistema imunológico de oito pessoas inoculadas com a vacina da J&J neutralizaram efetivamente a cepa. Um segundo estudo realizado em Israel teve resultados parecidos.

Os resultados foram submetidos ao bioRxiv, site de relatórios científicos ainda não revisado por pares. Assim como a CoronaVac, mais pesquisas precisam ser feitas para estimar uma porcentagem.

Por que os números variam?

A vida é diferente dos ensaios clínicos. Todos os estudos têm resultados que variam porque não há como controlar o número de vacinados, a circulação do vírus e o impacto dele em cada corpo. Cada resultado será diferente porque os ensaios clínicos coletam informações de regiões e pessoas diferentes.

Além disso, os números podem variar porque dependem de fatores como altura, idade e país de cada participante (e já ter tido infecção por covid-19 faz diferença também).

Fonte: Exame